A Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC), da região de Campinas, deflagrou uma operação contra a empresa AGRO S/A. A organização é acusada de estelionato e crime organizado. A investigação é por prática de pirâmide financeira, no “Esquema Ponzi”.
O advogado Jorge Calazans, sócio do escritório Calazans & Vieira Dias e Lilian Arede Lino, advogada do escritório, são os responsáveis pela notícia-crime. A Polícia Civil realizou 13 mandados de busca e apreensão em Campinas, São Paulo, Itu, Santos, Indaiatuba e Jundiaí.
“O estimado é que a quadrilha tenha atingido a quantia de R$ 300 milhões com o golpe realizado pelas cidades do interior e do litoral de São Paulo. São cerca de 6 mil pessoas que foram seduzidas por falsos investimentos em atividades relacionadas ao pungente mercado do agronegócio, que ante ao seu potencial, permitia resultados acima dos investimentos convencionais e lucros acima do mercado de ações”, afirma Jorge Calazans.
Conforme Calazans, a AGRO S/A oferecia investimentos em “Cotas Coletivas de Commodities”, prometendo aplicar os recursos em mercados que trariam alta lucratividade, de forma segura. A empresa usava meios de comunicação visando captar novos “clientes”, sendo que os investidores garantiriam um plano de carreira, com remuneração por novas indicações.
Em abril de 2021 a Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários (SMI) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) emitiu um alerta sobre a atuação irregular da Agro S/A, Agro Rei Comercialização de Commodities Agrícolas S.A (nome empresarial) e Agro Agrícola S.A (nome fantasia).
Conforme a CVM, existiam indícios de que a empresa não possuía autorização para atuar como Agente Autônomo de Investimentos, e mesmo assim divulgava o serviço. Jorge Calazans explica que essa movimentação geralmente causa prejuízo aos investidores, semelhante ao que acontece no “Esquema Ponzi”. Neste modelo, o dinheiro é captado de vítimas e usado para pagar outros participantes.
“Paulo Pinheiro, o então CEO da AGRO S/A e Fernando Faria, principal executivo de operações, faziam questão de ter sua imagem associada a grandiosidade da AGRO S/A. Os mesmos apareciam em materiais de divulgação, gravavam vídeos e tudo que fosse possível para atrair novos investimentos”, contou o advogado.
Assim que os pagamentos foram suspensos, os responsáveis começaram a apagar todos os conteúdos que ligavam-os à empresa. A partir disso, passaram a dizer que eram somente funcionários da companhia. Com isso, investidores passaram a perceber que haviam caído em um golpe.
Calazans contou que em 2020 a empresa Casa de Carnes Rei da Cupecê LTDA teve sua razão social modificada para Agro Rei Comercialização de Commodities Agrícolas LTDA. Também houve mudanças no quadro societário, visando a aplicação de golpes.
“Eles ainda estão atuando, deixando o site aberto para captar novas vítimas, estando inclusive promovendo adesões em criptomoedas. Esperamos que essa operação consiga todos os elementos legais para garantir o ressarcimento integral das vítimas que denunciaram a fraude", conclui Calazans.
A Polícia Civil montou a operação visando desmantelar a quadrilha. Foi chamada de “Operação Quéopes”, em referência às pirâmides do Egito.