O que é golpe do motoboy e como identificar

Feb 27, 2023

Muito mais complexo do que as fraudes do WhatsApp. O golpe do motoboy, apesar de ser uma tática um tanto quanto antiga, ainda continua fazendo vítimas. Isso porque existe uma série de passos que tornam a prática muito mais real do que se imagina.

Nesse sentido, os criminosos chegam cada vez mais preparados, munidos de informações particulares e muitas vezes confidenciais das vítimas. Algo que somente suas instituições financeiras e operadoras de crédito poderiam saber.

É justamente por isso que, somente durante a pandemia, houve crescimento de 65% no golpe do motoboy, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Por tudo isso, não dá para abrir espaço e colocar os dados pessoais em risco. Uma vez que os prejuízos pelo roubo de dados ganham proporções gigantescas. Para evitar novos casos de golpe do motoboy, o conhecimento é indispensável.

Neste artigo, explicaremos o passo a passo de como os criminosos aplicam seus golpes e se é possível ganhar algum tipo de indenização. Sendo assim, a leitura deste material se faz indispensável. Acompanhe!

Entenda como os criminosos agem no golpe do motoboy

Imagine você receber uma ligação do seu banco informando que houve tentativas de compra em seu nome e o seu cartão de crédito foi clonado. Assustador, não é? Pois é, como você viu, é bastante comum que isso aconteça.

Só que muitas das vezes, a chamada telefônica vem acompanhada de um pedido um tanto quanto suspeito: entregar o cartão de crédito a um motoboy da empresa. Aí, grande parte das vítimas faz o que foi solicitado. E não dá outra, acabando caindo no golpe do motoboy.

Isso acontece porque todas essas pessoas estão despreparadas e foram pegas desprevenidas. No entanto, é totalmente possível identificar essa fraude, basta entender como os criminosos agem. E é isso que veremos a seguir. 

Coleta de dados da vítima

Antes de qualquer ligação, o primeiro passo é coletar informações da vítima na tentativa de tornar o golpe mais real. Nesse contexto, os golpistas podem obter acesso a dados reais e confidenciais das pessoas.

Não dá para dizer ao certo todos os métodos que eles utilizam, mas os de engenharia social é uma deles. Os criminosos enganam as vítimas se passando por instituições de confiança, por meio de sites, apps e links maliciosos.

Depois, os golpistas podem solicitar essas informações que precisam em nome da empresa, ou instalar malwares que invadem os dispositivos desses usuários e acessam os dados.

É importante ressaltar que mais da metade dos casos de roubo de dados envolvem pelo menos uma etapa de engenharia social, conforme o relatório de Investigação de Violação de Dados de 2021.

O roubo de dados é uma etapa importante para aplicar o golpe porque, com informações reais, fica mais fácil criar uma história convincente e a vítima cair nela.

Falso call center liga para a vítima e cria uma história

O passo seguinte é a ligação. No golpe do motoboy, acontece a chamada telefônica de uma suposta central de atendimento da instituição financeira ou operadora do cartão de crédito da vítima.

Antes de começar uma história irreal, eles confirmam os dados da vítima: nome completo, endereço, data de nascimento e até mesmo informações bancárias. Tudo isso na tentativa de passar ainda mais credibilidade.

Assim, o falso funcionário inventa uma história que, apesar de existirem relatos de outras situações, é quase sempre a mesma: o cartão foi clonado e terá que ser cancelado.

No meio da ficção, o golpista afirma que houveram inúmeras tentativas de compras utilizando o cartão da vítima, que fogem do seu perfil. O detentor do cartão, obviamente, não reconhece as compras.

Em seguida, para solucionar o problema, a falsa central pede que o indivíduo comunique o número do cartão e a senha. Justamente, as informações que faltam para finalizar o golpe com sucesso.

Mesmo que pareça uma situação estranha, tantas vítimas acabam caindo na tentativa de fraude porque a atuação dos criminosos pode ser muito real. Há a utilização de efeitos sonoros típicos de um call center. Como som de teclado digitando e músicas de espera.

Tudo isso é feito para passar ainda mais credibilidade na história fictícia. Ou seja, pode ser bastante difícil identificar a diferença entre uma central de atendimento verdadeira e a falsa.

Depois de tudo isso, o falso funcionário solicita que a vítima quebre o cartão e entregue ao motoboy que passará na casa dela para recolher.

Motoboy vai até a casa da vítima e recolhe o cartão de crédito

É na última etapa do golpe que o motoboy finalmente entra em cena. Depois da ligação da central de atendimento, o suposto motoboy da instituição credora passa na casa da vítima e recolhe os restos do cartão.

O grande problema é que mesmo com o cartão quebrado, o chip permanece intacto. E com a senha e todas as informações pessoais em mãos, é possível continuar utilizando o cartão de crédito das vítimas, sem nenhum problema.

Diante desse contexto, é fundamental que todo mundo saiba que nenhuma instituição financeira ou operadora de cartão de crédito solicita a senha dos clientes por telefone. Muito menos envia motoboys para recolher cartões deles.

Então, se a vítima não sabe disso, passa suas informações confidenciais e entrega o cartão de crédito, quando percebe que um golpe foi aplicado, pode ser tarde demais.

Caí no golpe do motoboy, posso receber indenização?

Mesmo que você tenha percebido que caiu no golpe, os criminosos já podem ter agido utilizando os dados que obtiveram. Por mais que a situação seja desesperadora, ainda é possível reaver os danos.

Assim que identificar a fraude, a primeira coisa a fazer é entrar em contato com o banco e informar o que aconteceu. A vítima deve solicitar que os valores e todos os prejuízos causados sejam ressarcidos, além de registrar um boletim de ocorrência.

Se não conseguir um acordo com o banco ou operadora de cartão de crédito, a alternativa é entrar com um processo judicial.

Dado que a instituição financeira pode alegar que o golpe foi aplicado por terceiros, ela não tem qualquer responsabilidade pelo ocorrido.

Contudo, é obrigação da companhia, conforme prevê o Código de Defesa do consumidor, resguardar informações pessoais de seus clientes. E quando a proteção não é feita da forma correta, e acontece o golpe do motoboy, é o seu dever indenizar a vítima.

Ainda que o assunto seja repleto de controvérsias, há uma tendência favorável dos tribunais em estar ao lado do consumidor. Por esse motivo, as vítimas do golpe do motoboy não devem deixar de buscar os seus direitos em nenhuma hipótese. Para isso, a presença de um bom advogado especialista é indispensável.

O que fazer para não cair no golpe do motoboy

Em um primeiro olhar, pode ser difícil identificar a tentativa de fraude. Por isso, é importante estar atento a algumas situações.

Se você receber uma ligação suspeita do banco, em que lhe é solicitado dados confidenciais como a senha do cartão de crédito, desligue a chamada. Em seguida, entre em contato com a instituição financeira por seus canais oficiais e entenda o que aconteceu.

Ao inutilizar um cartão, quebre o chip e não entregue a ninguém. Lembre-se que as organizações não recolhem cartões dos clientes. Com essas atitudes é possível se proteger do golpe do motoboy.

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