Não é segredo para ninguém que a quantidade de golpes financeiros cresceu consideravelmente durante a pandemia da Covid-19. Basta olhar os noticiários para perceber que, nos últimos dois anos, surgiram diversas fraudes novas - a grande maioria pautada pela internet. E é justamente por isso que você precisa conhecer o golpe do amor.
Recentemente, um documentário da Netflix chamado de O Golpista do Tinder fez um sucesso estrondoso mostrando uma série de fraudes financeiras realizadas por um homem só. Esses golpes eram ancorados em nada mais nada menos do que a construção de relacionamentos amorosos, que aconteciam em boa parte do tempo pela internet.
No entanto, apesar desse caso em específico ter como vítimas pessoas da Europa, principalmente da região da Noruega e Alemanha, o golpe não se restringe ao outro lado do oceano. Na verdade, fraudes muito semelhantes já vêm sendo realizadas em território brasileiro há algum tempo, intensificadas ainda mais a partir de 2020.
Neste artigo, você irá conhecer de uma vez por todas o que é o golpe do amor, o qual vem fazendo diversas vítimas ao redor do Brasil e do mundo. Além disso, explicaremos também a forma de atuação dos golpistas nesses casos e apresentaremos exemplos reais, para que você possa entender como ele funciona na prática.
Dito isso, pegue logo o seu caderno de anotações ou abra o bloco de notas do celular e venha conferir um pouco mais sobre o assunto.
Os chamados relacionamentos virtuais ou à distância são tidos como comuns já há um bom tempo, e não é de se esperar que tenham crescido durante a pandemia da Covid-19, uma vez que as pessoas passaram ainda mais tempo em suas casas. Soma-se isso à popularidade das redes sociais e temos um cenário perfeito para o golpe do amor.
Em suma, o golpe do amor é nada mais nada menos do que uma fraude que envolve a construção de um relacionamento, geralmente virtual, que acaba culminando em extorsão ou agregação de valores de forma indevida. O que muda, no entanto, é a forma como essa fraude vai ser executada - uma vez que ela possui diversas faces.
Na grande maioria das vezes, esse tipo de golpe consiste em uma pessoa que se aproxima da vítima por meio de uma rede social ou um aplicativo de relacionamento. Eles então vão construindo uma relação amorosa, de namoro, geralmente à distância, por alguns meses ou até mesmo mais de um ano - como em um caso que veremos mais à frente.
É a partir daí que as coisas começam a variar de acordo com as ações dos golpistas. Isso porque, em uma das fraudes, uma pessoa passa a extorquir a outra no relacionamento, à distância, se valendo de fotos íntimas enviadas por aplicativos de mensagens. Em outros, é construída tamanha confiança a ponto da vítima, acreditando no seu companheiro(a), enviar altos valores a ele(a) após um pedido.
Há ainda casos ainda “mais” complexos, os quais envolvem até mesmo o suposto envio de presentes para a vítima e a interferência de pessoas que se passam pela Receita Federal, cobrando por taxas para envios. Todas, no fim, se tratam de golpes do amor.
Com isso, confira alguns dos exemplos desses golpes e como se prevenir dos mesmos:
O caso do golpista do Tinder é, sem sombra de dúvidas, um dos mais conhecidos do mundo quando assunto é golpe do amor. É possível até mesmo que este tenha sido o responsável por inaugurar esse termo, que acabou se popularizando em fraudes semelhantes, mas com ações um pouco diferentes uma das outras, ao longo dos últimos anos.
Neste caso em específico, temos como peça central Simon Leviev, um homem que é acusado de roubar mulheres que conheceu através do Tinder, um app de relacionamento. Leviev esbanjava uma vida de luxo nas redes sociais e conquistava as suas vítimas pelo seu status e também carinho, o qual não se limitava aos vídeos nas mídias.
Em suma, Simon conhecia as mulheres por aplicativos de relacionamento se apresentando como um famoso milionário cuja fortuna é baseada na venda de diamantes. Depois de algumas conversas pelo Tinder e por aplicativos de mensagens, ele realmente se encontrava com a vítima e a levava para viajar pela europa, comendo em restaurantes caros e indo em festas luxuosas.
Mas de onde vinha todo o dinheiro esbanjado por Simon também nos encontros? Basicamente, da extorsão das mulheres com a qual ele se relacionava. Depois de alguns meses de confiança e relacionamento, ele começava a pedir depósitos para as suas companheiras, alegando que seu cartão havia sido bloqueado temporariamente ou, até mesmo, perseguição por parte de inimigos no ramo de diamantes.
As mulheres depositavam, uma vez que ele tinha provado ter dinheiro ao pagar todas as viagens e presentes. O que acontecia, no entanto, era semelhante a um esquema de pirâmide: os depósitos do relacionamento x eram usados para bancar as viagens do relacionamento y, cujos depósitos iriam bancar o relacionamento z - e por aí vai.
Outro tipo de golpe do amor que, de acordo com a Polícia Civil, resultou em ao menos 20 vítimas no Distrito Federal é o do suposto “engenheiro” ou “piloto”. A fraude era realizada por um grupo que levantava informações pessoais de vítimas que, geralmente, tinham entre 40 e 70 anos de idade, contatando-as via redes sociais e aplicativos.
O golpista se apresentava como um estrangeiro de outra nacionalidade, às vezes um engenheiro, para algumas vítimas, outras um piloto, para outras. Após ganhar a intimidade da pessoa pelas redes sociais ou aplicativos de relacionamento, esse homem pedia o telefone pessoal da mesma.
É então que era estabelecido um namoro virtual com a vítima. Nesse meio tempo, o suposto “engenheiro” ou “piloto”, prometia que iria visitá-la no Brasil e enviar presentes, como, por exemplo, celulares, roupas e até mesmo dinheiro. É então que uma pessoa, se passando por funcionário da Receita Federal ou transportadora, contata a vítima alegando um problema com as mercadorias supostamente enviadas pelo “namorado”.
Nesse papel, pedem que a vítima pague uma taxa de R$ 1,5 mil a R$ 5 mil para que os produtos possam ser entregues, enviando uma conta para depósito. Uma das vítimas do golpe chegou a transferir até mesmo R$ 100 mil nesse processo.
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Outro caso de golpe do amor, mas que felizmente acabou não se concretizando, tem a ver com um suposto “soldado americano”. Nesse episódio, um homem se passava por um soldado estadunidense e inicia conversas com uma mulher aqui do Brasil, sendo muito gentil e conquistando a sua confiança de fato.
No entanto, depois de jurar amor eterno, o suposto soldado passou a pedir que a vítima preenchesse uma licença de férias para que ele pudesse ir ao Brasil, com dados pessoais. A mulher, então, desconfiou e passou a ir a fundo, até que o homem confessou que se tratava, na verdade, de um nigeriano que precisava de dinheiro.
Apesar de não ter se concretizado, este é um típico caso de golpe do amor. Ou seja, o golpista finge ser uma pessoa com tal estilo de vida, se relaciona com uma mulher e confia a sua confiança até pedir por dinheiro, sumindo depois de recebê-lo.
Existem muitas formas de se prevenir do golpe do amor, mas nenhuma é tão válida quanto: nunca faça depósitos para pessoas que você conhece de verdade. Por mais que sejam reais, relacionamentos virtuais também podem ser fraudes em muitos casos e, portanto, é preciso ficar atento a alguns indícios.
Se a pessoa nunca fizer uma videochamada com você, já é um indício que é uma fraude. Se ela se recusar a mandar fotos frequentes, ou até mesmo fazer ligações, também. Por último, se o pedido de transferência surgir com valores “altos”, e em pouco tempo de conversa, também desconfie.