Definitivamente foi-se o tempo em que o bilhete premiado era um dos únicos golpes comuns no Brasil. Na verdade, nos últimos anos, uma série de outras fraudes começaram a surgir, algumas se valendo de práticas ainda antigas e, outras, em novos formatos. E é justamente por isso que você precisa saber o que é o golpe do motoboy.
O fato é que boa parte dos golpes que têm surgido recentemente se valem de uma mistura entre um assunto relativamente complexo e tecnologia. Ao lidar com temas ou assuntos que são muito urgentes, ou pouco conhecidos por boa parte das pessoas, os golpistas conseguem fazer um número maior de vítimas.
Tem sido assim ao longo dos últimos anos com o já conhecido golpe do WhatsApp, que afeta principalmente pessoas que não têm muita noção de segurança social. Ou, com ainda mais frequência, as fraudes que envolvem investimentos na bolsa de valores, um tema também pouco conhecido pelo público geral, como a que afetou o jogador Madson.
Neste artigo, você irá aprender um pouco mais sobre o que é exatamente o golpe do motoboy, que vem sendo realizado em diversos estados do Brasil. Além disso, daremos exemplos de casos reais da fraude, assim como dicas da própria Caixa Econômica Federal para se prevenir e garantir a sua segurança financeira.
Dito isso, pegue logo o seu caderno de anotações ou abra o bloco de notas do celular e venha conferir um pouco mais sobre o assunto.
O golpe do motoboy é nada mais nada menos do que uma fraude um tanto quanto complexa que vem afetando pessoas de diversos estados brasileiros. Ela tem como alvo principal pessoas mais velhas, as quais não estão tão inteiradas em assuntos do gênero e que, portanto, se tornam vítimas “mais fáceis”.
Em suma, o golpe do motoboy consiste em uma pessoa que, no telefone, se passa por uma funcionária de banco ou administradora do setor de cartões. Em contato com um cidadão comum, esse golpista afirma que o cartão da pessoa em questão foi clonada ou que estão sendo realizadas compras suspeitas em seu nome, recomendando, então, o cancelamento do cartão.
Para efetuar o cancelamento de fato, o golpista pede então que o cliente digite alguns dados no telefone como, por exemplo, a senha do cartão e outros números pessoais. Por fim, orienta o cidadão que corte o cartão ao meio e entregue-o a um motoboy, o qual irá até a casa do mesmo ou em um local para a segurança do procedimento.
Com isso, os golpistas passam a ter os dados do cliente, a senha do cartão e até mesmo o chip em mãos - uma vez que este pode não ter sido cortado corretamente pelo cliente. Dessa forma, passam a fazer várias compras no nome do cidadão e gerando prejuízos que chegam na casa dos milhares de reais.
Vale destacar ainda que, algo que faz com que esse golpe seja tão convincente para muitos é o fato de que, durante a ligação, os golpistas falam alguns dos dados verdadeiros do cliente. Isso acaba passando uma maior “segurança” ou “veracidade” para a operação - que não deixa de ser uma farsa.
Sendo assim, confira um pouco mais sobre o golpe do motoboy:
Ao longo dos últimos meses, muitos casos referentes ao golpe do motoboy já foram noticiados em jornais relevantes do Brasil. Um deles, que descreve de maneira quase que perfeita a ação dos golpistas, passo a passo, ocorreu na cidade de Blumenau, no estado de Santa Catarina - sul do país.
Na ocasião, uma mulher aposentada de 65 anos de idade recebeu uma ligação de uma pessoa dizendo ser do banco na qual ela possuía conta. Essa suposta “funcionária”, então, havia informado à cliente que uma transferência de R$ 1.250, uma tentativa de saque de R$ 500 e um pagamento de R$ 80, este último em um posto de gasolina, haviam sido movimentados em sua conta bancária.
A mulher da ligação afirmou que o cartão da aposentada então teria sido clonado, e que a melhor solução era bloqueá-lo. Esta “funcionária” do banco, então, começou a passar as devidas orientações para que o processo pudesse ser feito, as quais já foram citadas anteriormente, como informar a senha do cartão e cortá-lo com uma tesoura.
Em relato, a aposentada afirma que não desconfiou que aquilo se tratava de um golpe, uma vez que a pessoa da ligação confirmou diversos dados pessoais seus e do seu marido. Depois de ter digitado a senha do cartão no telefone, um motoboy foi enviado até a sua residência e buscou pelos dois cartões em questão, os quais foram entregues em um envelope completamente lacrado.
Somente horas depois a mulher percebeu que havia caído, na verdade, em um golpe. Foram feitas transferências de R$ 5 mil em uma conta e mais ou menos R$ 3,4 mil em outra.
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Existem diversos fatores que fazem com que o golpe do motoboy seja extremamente convincente e vá muito além de um simples bilhete premiado. A começar pela abordagem dos golpistas na ligação, a qual não somente possui uma cara muito profissional e correta como, também, é pautada por informações reais.
Ao ligar para a vítima, os golpistas realizam todo um teatro para convencerem a pessoa de que realmente são do banco. Para isso, utilizam até mesmo softwares de áudio que simulam, na própria ligação, sons ambientes de espera em uma chamada para uma instituição financeira.
Além disso, durante a ligação os golpistas também vão apresentando dados pessoais da vítima em questão que, teoricamente, somente o banco ou uma instituição parceira poderia ter. Dessa forma, é criada toda uma história, com supostas movimentações bancárias cujos valores e destinos são convincentes para parecer que realmente a questão é séria.
Outro ponto que faz com que muitas pessoas sejam lesadas por esse tipo de golpe é o fato das vítimas principais serem idosas. Na grande maioria das vezes, essas pessoas não estão inteiradas sobre o assunto e nem tem conhecimento sobre segurança digital, e acabam informando os seus dados sem desconfiança.
Sabendo da existência da fraude, a Caixa Econômica Federal emitiu recentemente algumas dicas de como se prevenir do golpe do motoboy, as quais são válidas para clientes de qualquer instituição financeira. A primeira orientação é sempre desconfiar de alguma ligação vinda diretamente do banco, por um número que não conhece.
A dica, em casos que realmente há uma desconfiança, é desligar o telefone e retornar para a Central de Atendimento de Cartões do banco em questão. Além disso, é importante que essa ligação seja feita de outro número de telefone e, preferencialmente, cinco minutos após a chamada suspeita.
Isso se dá porque os golpistas conseguem grampear o telefone da vítima por até 2 minutos após o fim do contato. Sendo assim, se você retornar, pelo mesmo número, para qualquer contato do banco nesse período de tempo, a ligação será interceptada pelos fraudadores, os quais darão continuidade no golpe.
Além disso, é importante destacar que a Caixa, assim como a grande maioria das instituições financeiras, nunca realiza o recolhimento de cartões bancários, mesmo que estes sejam inutilizados. Sendo assim, um motoboy nunca será enviado para recolher. Da mesma forma, se for jogar um cartão fora, é importante cortá-lo por completo, inclusive na parte do chip.